Na busca por uma relação amorosa observo muitas pessoas, homens e mulheres, traçando encontros como se fossem planos ou projetos a serem executados. Imaginam cenas ideais, relações perfeitas, companheiros sem falhas. Sempre na crença e na esperança por uma relação perfeita, definem padrões absolutamente impossíveis de serem encontrados na realidade e se frustram consecutivamente a cada tentativa.
São pessoas que funcionam dentro de um modelo infantil, esperam de forma inconsciente que seus parceiros supram suas carências, reparem seus danos emocionais, acolham incondicionalmente, que lhes ofereça muito e exijam pouco. Algo como uma reprodução das relações amorosas infantis, num contexto de imaturidade e dependência. São essas as pessoas que mais idealizam, se frustram e encontram dificuldades em se relacionar.
Idealizar não pode ser confundido com o desejo ou busca por uma relação saudável e especial. Sim, é fundamental que se saiba o que faz bem, o que é danoso e o que é construtivo. Importante que se escolha uma forma de vida que enriqueça, mas isso não significa perfeição ou ausência de falhas. Vejo inúmeras vezes o critério de perfeição estabelecido afastar grandes possibilidades de uma maravilhosa relação amorosa. Existe uma fantasia, muito infantil, que só se é feliz com aquilo que se sonhou, quando na realidade é possível se surpreender com as situações novas ou impensadas.
Uma relação idealizada poucas vezes funciona na troca, ela normalmente funciona como um tapa buraco, uma tentativa de ter do outro o que se precisa. Considero injusto inclusive com aquele que é "o idealizado" já que ele normalmente não é visto ou aceito por inteiro. Ama-se uma parte dele, aquela da qual se necessita e é desse ponto que partem as frustrações, uma vez que esse amor ideal tem falhas, comete erros, não atende integralmente às suas necessidades. Para muitos se torna impossível suportar esses traços e sofrem, seguem e repetem o mesmo erro na relação seguinte.
Se permitir mais liberdade nas vivências amorosas, menos filtros, mais espontaneidade, tornará o processo do encontro diversificado, divertido, leve, interessante e enriquecedor. Surgirão surpresas, experiências que podem aproximar de um amor verdadeiro e real. O que se julga ideal não passa de uma construção irreal que tem como base aspectos infantis e muitas vezes inconscientes e que, em quase todas as vezes, conduz a decepções.
Construa menos a idéia do que se quer, não viva a busca por vínculos como projetos artificiais, faça o possível para que sejam reais e simplesmente humanos. Entrar em contato com as diferenças tornará o processo real e bem mais divertido. Deve-se sonhar não com a perfeição, mas com a realização.
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