21 julho 2011

Será que este é mesmo o melhor tipo para você?

Muito cedo, ainda quando crianças, somos frequentemente incentivados a imaginar como será nossa vida futura. Imaginamos qual será nossa profissão, onde moraremos, como será nossa casa, nosso(a) marido ou esposa, nossos filhos... Conforme crescemos, é natural que modifiquemos muitas dessas idéias. É comum escolhermos uma profissão bastante diferente daquela que tínhamos em mente na infância e morarmos em um lugar que pouco lembra a casa idealizada naqueles tempos. Assim como nossos sonhos se transformam, compomos em nosso pensamento, aos poucos, um ideal de parceiro(a) que desejamos encontrar. Estabelecemos que ele(a) deve ter tais características de personalidade, tais atributos físicos, tal nível cultural etc. Muitas vezes sequer nos damos conta de que fazemos isso, mas se alguém pedir que descrevamos nosso par ideal, certamente não teremos muita dificuldade para descrevê-lo.
Quando uma pessoa se cadastra no site e é solicitada a definir as características que deseja naquele(a) que busca, a sensação, para muitos, é a de que finalmente têm a possibilidade de ter o(a) tão sonhado(a) parceiro(a) ideal. Por este motivo, é comum as pessoas determinarem com precisão os atributos que o pretendente deve ter: olhos de tal cor, cabelos longos/curtos, formação x, hábitos de lazer y... A impressão parece ser a de que o par idealizado se materializará em um piscar de olhos, pronto para viver uma grande história de amor.
A realidade, no entanto, não é bem essa. É possível um usuário encontrar pessoas com características bastante semelhantes àquelas que idealizava, mas a relação simplesmente não acontecer. Falta de empatia, falta de entendimento, pouca afinidade são apenas alguns motivos para isso. Diante de uma possibilidade que não se concretizou, é comum as pessoas iniciarem novas buscas usando critérios muito parecidos com a anterior. Continua, portanto, a procura por aquele(a) ser idealizado, com aquelas características imaginadas. Enquanto alguns têm sucesso, outros vivem uma sucessão de frustrações e parecem entrar em um ciclo vicioso de busca e decepção. A ansiedade começa a surgir, o desespero se aproxima... Nada parece dar certo. O que fazer? Onde está o “erro”? Como agir?
Minha sugestão, que pode parecer radical, é a seguinte: abandone o ideal! Antes de ser mal compreendida, esclareço que não estou sugerindo que ninguém deixe de ter preferências e “atire para todos os lados” na busca por um(a) parceiro(a). Ter preferências é uma coisa, estabelecer um ideal é outra. Se eu prefiro homens morenos, isso não significa que estou fechada a conhecer loiros. Por outro lado, se quero conhecer apenas os loiros, isso indica que loiros são, para mim, um ideal do qual não pretendo abrir mão.
A rigidez excessiva nos parâmetros de escolha da pessoa buscada tira a naturalidade dessa busca. Se estamos em uma festa e alguém interessante nos aborda, deixamos de conversar porque o outro parece ter 2 ou 3 anos a mais do que a idade que desejamos em um par? É claro que não, certo? Então por que, na vida online, as coisas precisam necessariamente ser rígidas?
É sempre bom se perguntar se o tipo de pessoa que você busca é mesmo o melhor (ou o único) tipo para você. É importante lembrar que aquele que você idealiza é um personagem criado por você, com as características que você considera ideais, mas que não necessariamente serão encontradas em alguém de carne e osso.
Nem sempre concretizamos aquilo que imaginamos para nós mesmos(as) durante a infância. Frequentemente o menino que queria ser bombeiro se torna engenheiro e a menina que queria ser médica se torna professora. Fazer novas escolhas não é sinônimo de fracasso ou infelicidade, mas de flexibilidade. Esta, por sua vez, em geral está a serviço da felicidade. Imagine só ter de seguir a profissão idealizada na infância apenas por rigidez? Da mesma maneira que você certamente modificou suas escolhas e teve sucesso com a mudança, você pode ser muito feliz com alguém com características diferentes daquelas que sempre idealizou em um par.

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